Limão Matutino

Quarta safra

28.8.06

As melhores intenções


Rent, de Chris Columbus

Em time que está ganhando, não se mexe. Chris Columbus, hábil condutor de crianças, deve ter pensado nisso quando inventou de dirigir a adaptação de Rent para o cinema. Foi certinho, reverente, e chamou na xinxa boa parte do elenco original da peça (de 10 anos atrás, diga-se). Fez um espetáculo fraco, o pior da leva de musicais, que já tinha dado o quase medíocre Fantasma da Ópera (desculpe, acho Minnie Driver fabulosa como Carlotta).

Pode-se afirmar que o tema ficou datado, mas basta lembrarmos de Hair, do Milos Forman, pra perceber que essa é uma meia-verdade. O que faltou mesmo foi a vontade de fazer um filme que não fosse teatrinho filmado. A câmera estática em vários números irrita, o elenco-rouxinol também não ajuda. Rosario Dawson, um talento, está mais perdida que mosca em aterro sanitário, e o restante até tenta empolgar, mas tropeça nos passos mal ensaiados ou na fumacinha fake saindo da boca de todo mundo.

Como musical, pra mim, nunca rende um todo péssimo, Rent tem lá suas fagulhas, o que me fez coçar o canto do olho por duas ou três vezes pensando no estrago que seria caso fosse entregue a alguém mais capacitado (mesmo que fosse um Rob Marshall e sua estética de drag-queen). Aliás, três é o número-chave: além de malogrado, Rent parece durar umas seis horas – vistas com "prazer obrigatório" num esquema "melhor de três" (e nem sei dizer qual dos atos foi o pior). Pelo menos os cartazes do filme ficaram lindos.