Limão Matutino

Quarta safra

7.11.06

A morte lhe cai bem


O Tempo Que Resta, de François Ozon

Tendo apenas 8 Mulheres e Swimming Pool como referência do cinema que Ozon faz, O Tempo Que Resta seria o filho bastardo, o trabalho atípico. Mas o que este filme simples fez foi instigar minha curiosidade quanto a Sob Areia, o que seria a primeira parte de uma trilogia sobre a morte.

De cara a trivialidade dá o tom. Afinal o cara descobre ter um câncer avançado, e se vê obrigado a sobreviver com as poucas chances de cura. Escolhe a morte, como muitos outros já o fizeram no cinema, e tem o tempo desde então dedicado a redescobrir pequenas coisas da vida, como a família. Mas Romain, o protagonista, não o faz. Decide ser mais egoísta que de costume. Claro que alguma coisa lhe toca, mas cada um foge de sua realidade como pode.

Talvez, antes de O Tempo Que Resta, o único filme que tenha brincado de forma diferente com a morte iminente tenha sido E Sua Mãe Também (que tem tema distinto, mas toca no assunto de forma calada e excepcional). As decisões de Romain são nós na garganta, e talvez aí esteja a similaridade com os filmes mais famosos de François Ozon: suas personagens não possuem meias-verdades, e nadam em águas rasas. A diferença é que desta vez ele fez um pequeno e cruel poema de imagens.

3 Comments:

At 11:59 AM, Blogger Tati said...

Tonino, não vi ainda o Tempo que resta, mas adorei Sob a Areia. A Charlote Rampling está fantástica. Acho que o Ozon utiliza nele a linguagem do silêncio de forma perfeita. A ausência de muitos diálogos é reveladora. Vi antes de 8 mulheres e Swimming Pool, e pelo que me lembre, guardam diferenças grandes de ritmo. Mas acho todos ótimos.

 
At 12:21 AM, Anonymous Anônimo said...

Tenho muita dúvida se esse é meu filme do ano. Mas está sendo até agora. Eu adoro a delicadeza arrebatadora do não saber o que fazer e se deixar levar. Se deixar levar... lindo, lindo, lindo.

 
At 3:24 PM, Blogger Antonio Santos said...

Tati, a Charlotte Rampling é maravilhosa. Vou correr atrás dos outros filmes do Ozon.

Pasta, este é um dos meus filmes do ano. Definitivamente.

 

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