Limão Matutino

Quarta safra

23.10.06

Corpos que caem


Dália Negra, de Brian De Palma

É incrível como De Palma não precisa se superar para fazer cinema acima da média. O noir em cores de James Ellroy, autor do ainda absurdo Los Angeles – Cidade Proibida, de Curtis Hanson, não ficou desamparado em mãos inábeis. Tudo em Dália Negra supõe um grande filme, que de fato acontece em muitos momentos, e não apenas pelas qualidades de produção que saltam aos olhos, da fotografia à trilha sonora luxuosa. Talvez o tom fique um pouco abaixo do esperado (este não é melhor que o anterior, Femme Fatale) mas nunca a ponto de se tornar uma decepção. O longa é elegante e costurado com a habilidade que sempre foi marca do diretor até em trabalhos mais fracos, como A Fogueira das Vaidades.

Josh Hartnett e Aaron Eckhart estão ótimos como protagonistas, apesar das contrapartes femininas não funcionarem tão a contento. Sobre Hilary Swank, ainda que seja esquisito vê-la interpretando uma fêmea fatal, o esforço é compensado com certa dignidade, e a moça consegue sobreviver ao equívoco. Pior se sai Scarlett Johansson, boa atriz que, aqui, nunca acerta o tom e transforma-se num grande ponto negativo: ora enfeite demais, ora incompetente demais.

Sendo assim, o especial da escalação fica mesmo com as coadjuvantes. E não falo apenas de Mia Kirshner e seu olhar magnético, fantástica como Elizabeth Short, a dália negra, sempre em cenas que simulam tragicômicos testes de elenco, atuando apenas com a voz de Brian De Palma. Rose McGowan faz rápida e marcante aparição, como uma atriz de quinta, e Fiona Shaw (a tia Petúnia do Harry Potter) brilha rápida e decisivamente como Ramona Linscott, a esnobe mãe da personagem de Hilary Swank.

2 Comments:

At 10:41 AM, Blogger Rodrigo Azevedo said...

Deixei o filme passar. Sai de cartaz hoje e nem me sinto culpado por não ter assistido. Implicância mesmo!

 
At 3:25 PM, Blogger Antonio Santos said...

Uma pena, Rodrigo. É um excelente filme. :o)

 

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