Happy Feet, de George Miller
Este simpático filme de bichos falantes lembra narrativamente
Babe – O Porquinho Atrapalhado. Não por coincidência, o diretor George Miller é produtor dos dois filmes do porco pastor, e diretor/roteirista do segundo. Há empatia com a história do pingüim dançarino numa sociedade de pingüins cantores, com brechas para poesia ecológica e soluções geralmente criativas. Perde-se um pouco no final corrido, mas vale pelo conjunto, principalmente pelo inusitado (embora pareça, à primeira vista, mais do mesmo). Atenção à sinuosa Norma Jean, dublada por Nicole Kidman, e aos dotes vocais de Brittany Murphy – mesmo na versão em português, as canções permanecem com som original.
O Labirinto do Fauno, de Guillermo Del Toro
Mais violento do que se poderia supor, Del Toro faz de
O Labirinto do Fauno irmão de A
Espinha do Diabo. Há o pano de fundo político – a ditadura de Franco, na Espanha – sublinhado pelo imaginário infantil. No caso, a menina Ofelia, espécie de Alice em seu particularíssimo país das maravilhas, que parece criar um conto de fadas para escapar de uma realidade cruel, com o casamento da mãe grávida com um general perverso. As duas linhas se fundem de forma perfeita, e o encanto é totalmente permitido, com direção de arte e efeitos especiais de primeira. Bela atuação de Maribel Verdú (
E Sua Mãe Também).
O Grande Truque, de Christopher NolanNolan talvez seja um verdadeiro visionário. Seu trabalho em
O Grande Truque é tão singular que nos leva a acreditar num tipo de cinema muito à frente de seu tempo – assim como o ultracultuado
Memento. A encenação impressiona, o duelo entre Hugh Jackman e Christian Bale sustenta os melhores momentos da carreira de ambos. A costura da história é de uma engenhosidade invejável, de longe o melhor roteiro de 2006. Mas não custa falar mal de Scarlett Johansson, que mostra incapacidade dramática pela segunda vez seguida, logo depois de
Dália Negra. É apenas um espectro da atriz encantadora de
Encontros e Desencontros e
Match Point. Uma pena.