Hora de voltar
Marie-Antoinette, de Sofia Coppola
Limão Matutino com os dias contados. Morte certa pra uma criança de 4 ou 5 anos. Datas e números não são meu forte, mas foi por volta de outubro de 2002 que tomou forma a vontade de escrever sobre uma paixão tão eterna quanto o cinema. Tempos outros, e hoje percebo o quanto de tolice há em paixões fortes e intensas. A perda do olhar, do entusiasmo, o prazer de ver, curtir e comentar cinema cada vez mais sintético, formulaico. Chato pra caramba.
Decidi matar o blog pra não matar o amor pela arte. Pra empreender o retorno ao olhar mais puro direcionado ao cinema. Com crítica sempre, mas primeiro com vontade e com o mesmo prazer dos tempos de 95, início da minha "cinefilia", encantado com Martin Landau como Bela Lugosi num filme perfeito do Tim Burton, com Uma Thurman "desenhando" quadrados na tela e com essa mocinha da foto brincando de criança-adulta.
Neil Jordan me deu meia-dúzia de belos filmes. Sofia Coppola, seus três rebentos. E "dar adeus" com Marie-Antoinette, o grande filme de 2006 a ser visto em 2007, tem gosto especial. Até pecado com foto em preto-e-branco, mas vá lá que isso aqui ainda tem um "projeto gráfico" (piada interna, mesmo). Cinema imperfeito e delicioso, que prova, quase que de forma definitiva, que Sofia é uma cineasta de mão-cheia, e que não vai se entregar tão cedo. Vaiado em Cannes? Ah, que comam bolo.
O tempo de vida do Limão Matutino foi feito mais de mulheres que de homens. Naomi Watts, em Mulholland Dr., que inaugurou o blog, Scarlett Johansson, Ludivine Sagnier e Charlotte Rampling, Amy Adams, Kelly Reilly, Minnie Driver, Nicole Kidman, Julianne Moore e Toni Collette e Rachel Griffiths. Kate Winslet, Tilda Swinton (quantos filmes essa criatura ainda há de salvar?), meu derradeiro amor por Penélope Cruz, Emily Browning, Emily Blunt e Nathalie Press... Natalie Portman de cabelo rosa, sem cabelo e ao som de Frou Frou. Lucrecia Martel e Jane Campion. Sofia Coppola, ainda nos tempos de Domino. Marcélia Cartaxo, Fernanda Torres cantando "Vapor Barato" tão foda no final de Terra Estrangeira...
... o show continua, mas não por aqui. Baixando insuspeita humildade, quando tiver base verdadeira pra "criticar" cinema, farei. Por enquanto, brinco de entusiasta que solta palavrão de revolta com filme ruim do Darren Aronofsky e com cinema nacional mal-parido.
Não chamaria de senso comum. Bom senso soa melhor.
Au revoir, les enfants!